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Os movimentos de câmera (e até a ausência deles) fazem toda a diferença na dinâmica e no estilo final que uma produção audiovisual terá. Em conjunto com a edição, o movimento garante que um filme “se mova” sempre, pois este é um dos princípios do audiovisual: a ação!

Segundo o crítico de cinema francês Alexandre Astruc, “A história da técnica pode ser considerada no conjunto como a história da libertação da câmera”. Ainda podemos citar Marcel Martin, outro crítico francês: “O movimento é o caráter mais específico da imagem fílmica”.

Assim sendo, é possível explorar diversos tipos de movimentos de câmera em uma filmagem. Vamos a eles.

1- Câmera parada (ou estática)

Sim: deixar a câmera parada é considerado um movimento de câmera! Nos primórdios do cinema, é assim que as histórias eram contadas: explorava-se a movimentação dos atores e as possibilidades que se tem dentro do quadro, valorizando o cenário e outros elementos. Assim sendo, trata-se do movimento mais básico, e que pode ser explorado por outros movimentos em paralelo, como veremos abaixo. A dinâmica pode vir na edição, nos cortes, e no uso de uma segunda câmera, o famoso B-roll.

2- Panorâmica

A panorâmica é um dos movimentos de câmera em que ela não sai do lugar, mas gira no próprio eixo, seja vertical (de cima para baixo ou vice-versa) ou horizontal – de um lado para o outro. O objetivo desse tipo de movimento é sempre descrever um ambiente para que o público se localize, sinta o espaço, ou descubra alguma informação de forma gradativa, por exemplo.

No primeiro plano que vemos no vídeo abaixo (do filme Os Rejeitados), por exemplo, em apenas 3 segundos o filme faz uma panorâmica rápida que serve para destacar o posicionamento e a espera do personagem por uma resposta que virá da reunião cujo áudio já estamos escutando. Esta simples escolha traz uma dramaticidade que não teríamos caso a cena fosse filmada com uma câmera estática e o personagem já enquadrado.

3- Travelling

Chamamos de travelling quando a câmera sai do seu eixo e “passeia” (ou viaja, como diz o nome em inglês) pelo espaço. Geralmente, a câmera se move pelo cenário por meio de ferramentas como a grua, mas também é comum que se utilize a técnica que chamamos de “câmera da mão”, quando o diretor (ou diretor de fotografia) acompanha a cena. Geralmente, a câmera é sustentada por uma outra ferramenta chamada “steadicam”, que garante melhor estabilidade à câmera. Um filme que utiliza muito o travelling é “Filhos da Esperança”, conforme vemos no vídeo abaixo com alguns trechos.

4- Zoom (e o Dolly Zoom)

Considerado um movimento de câmera, o zoom é um dos mais conhecidos de todos nós!  Ele nada mais é do que a mudança da distância focal da lente da câmera, ou seja: a câmera não se move, mas nos aproximamos ou distanciamos do objeto filmado. Quando a distância focal aumenta, chamamos o movimento de “zoom out”, e quando ela se aproxima chamamos de “zoom in”.

A partir disso, foi criado um movimento de câmera que utiliza o zoom, mas que também movimenta a câmera junto, e que foi chamado de Dolly Zoom (o movimento foi popularizado por Alfred Hitchcock). Assim, quando a câmera dá um “zoom out”, distanciando-se focalmente, mas se aproxima do objeto mecanicamente (ou vice-versa), cria-se uma sensação de vertigem e dramaticidade que passa o sentimento do personagem. É o que vemos no filme Um Corpo que Cai, de Hitchcock, e em Tubarão, de Steven Spielberg. Abaixo, podemos ver o Dolly Zoom aos 27 segundos e 38 segundos do primeiro vídeo; e aos 2 minutos do segundo vídeo.

5- Plano-Sequência

Por fim, temos o plano-sequência. Este é o nome dado ao travelling feito pela câmera quando a filmagem passa por mais de um cenário e transmite a ideia de passagem de tempo. Assim, quando uma câmera sai de um espaço e vai a outro, o movimento já é considerado um plano-sequência – já que isso seria considerado uma sequência e é feito em um único plano. Chamam mais atenção os planos-sequência que envolvem um filme inteiro ou um longo trecho de um filme que seja impactante.

Filmes como Festim Diabólico, Birdman e 1917 se destacaram por serem inteiramente filmados desta forma. Tecnicamente, o plano-sequência é filmado de uma só vez (o que exige muito ensaio), mas isso é possível em curtas e videoclipes: em filmes de longa-metragem, geralmente há momentos com cortes “escondidos”, ou seja, quando o diretor “desligou” a câmera e retomou depois a filmagem, mas que o espectador não consegue discernir.

Abaixo, veja uma cena do filme Festim Diabólico e um “lipdub” de I Gotta Feeling realizado por alunos da Universidade de Quebec. O vídeo dos estudantes fez parte de uma onda de gravações de vídeos em plano-sequência em faculdades e escolas do mundo todo por volta dos anos 2010.

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