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Às vezes, temos a impressão de que a Inteligência Artificial invadiu nossa rotina do dia para a noite, e de repente vimo-nos cercados por ela. A verdade é que ela já estava presente de alguma forma em diversos softwares e programas, mas só recentemente passamos a chamá-la por esse nome.

Por isso, precisamos falar sobre a Inteligência Artificial no audiovisual. Se todas as áreas são afetadas pela IA, é claro que a produção de vídeos não escaparia.

Vamos ver algumas das facilidades e questionamentos que a Inteligência Artificial no audiovisual pode gerar para quem trabalha com vídeos:

1- Efeitos mais rápidos, acessíveis e realistas

Cada vez mais será possível que efeitos visuais sejam criados com rapidez e cada vez menos esforço. Softwares como o After Effects da Adobe, por exemplo, já contam com ferramentas como o Content Aware, que tem a capacidade de remover objetos inteiros de uma cena, ou seja, o que antes exigia muito tempo de edição, hoje pode ser feito com mais agilidade.

O próximo passo dos softwares de edição de vídeo deve possibilitar a edição por meio de comandos escritos. Isso significa que, graças ao Machine Learning, NLP (Processamento de Linguagem Natural) e Deep Learning, as IAs já podem se tornar capazes de identificar um pedido em texto. Isso deve aumentar muito a acessibilidade dos programas de edição, já que não será mais primordial conhecer todas as ferramentas (o que é demorado e leva muito tempo de estudo e testes).

Por fim, vale destacar como os efeitos criados pela Inteligência Artificial no audiovisual são cada vez mais realistas. Recentemente, vídeos com notícias falsas circularam com um ministro de Estado falando coisas que ele nunca disse. Essa possibilidade pode permitir edições rápidas e criação de personagens fictícios, por exemplo, mas deve ser utilizada com ética e regulamentação para impedir o uso malicioso das ferramentas de “deep fake” e outras similares.

Leia mais sobre a experiência do diretor da 42 Filmes em produções com IA.

imagem ilustrativa: After Effects

2- Correções de som, luz e outros detalhes

Já é parte da rotina no audiovisual utilizar inteligência artificial para corrigir problemas de luzes, como os famosos “flares”, bem como cores e outros detalhes nas imagens. No que diz respeito ao som, as tecnologias de IA já permitem lançar mão dos mais diversos mecanismos: corrigir falhas de captação, modificar vozes para que tenham outros timbres (e até mesmo falem outras línguas), acrescentar narrações artificiais, remover ruídos indesejados, entre outros.

3- Roteiros escritos com mais celeridade

A escrita de roteiros foi provavelmente uma das primeiras capacidades desenvolvidas pela IA, já que a identificação em padrões de texto foi um dos primeiros avanços da Inteligência Artificial.

Os algoritmos de linguagem natural permitem a análise de roteiros já escritos, o que leva à detecção de padrões que tornam uma história envolvente e com elementos que chamem a atenção do espectador. Hoje, as ferramentas de IA podem criar roteiros ou até mesmo melhorar textos já escritos. A seguir, trataremos dos cuidados que devem ser tomados em relação a isso.

imagem ilustrativa: Envato

4- Questões éticas

Um dos questionamentos mais importantes sobre o uso da Inteligência Artificial no audiovisual, bem como em outras áreas, está relacionado à ética. Com debates cada vez mais avançados nesse sentido, já é quase unanimidade o entendimento de que produções que se utilizam da IA devem deixar claro ao público que a tecnologia foi utilizada. Além disso, é cada vez mais urgente o debate sobre a forma como as ferramentas devem lidar com os direitos autorais, já que muitas imagens geradas por IA se baseiam em artes ou outros produtos já produzidos anteriormente. Além da clareza da origem do que uma ferramenta de IA produz, as propostas de regulamentação da Inteligência Artificial devem passar pelo reconhecimento e valorização dos direitos autorais.

Outras questões éticas envolvem, é claro, a possibilidade do uso criminoso de vídeos com a técnica de deep fake, entre outras coisas, como o uso da imagem ou voz de atores sem a devida autorização, por exemplo.

5- Debate sobre a arte

Por fim, vale ressaltar duas questões: o debate sobre o que é arte; e o fato de que a Inteligência Artificial no audiovisual não substitui profissionais da área. Seja no processo de escrita de roteiro, seja na edição de um vídeo, as ferramentas de IA não conseguem superar a capacidade humana da criatividade, empatia e emoção que somente a sensibilidade humana é capaz. Assim sendo, um software de edição deve ser devidamente acompanhado de um profissional capaz, da mesma forma que um roteiro que recebe contribuição da IA jamais deve ser finalizado sem o crivo de uma pessoa que estudou para contar boas histórias.

São essas escolhas que fazem com que a arte (e a produção audiovisual é sempre artística em sua essência) continue tocando as pessoas. Por isso, as ferramentas de inteligência artificial não substituem a presença humana, apenas facilitam o trabalho.

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