Conforme você já deve ter lido por aí, os roteiristas e atores de Hollywood continuam em greve, causando a paralisação na produção de inúmeros filmes e séries do mercado que mais movimenta dinheiro no mundo do audiovisual. Mesmo assim, muitas pessoas ainda têm dúvidas ou questionamentos a respeito dessa greve. Por isso, decidimos listar algumas informações que são importantes para compreender melhor sobre o que está acontecendo e quais os efeitos.
1- Reivindicações relacionadas a mudanças no mercado
As principais reivindicações dos trabalhadores da indústria de Hollywood têm relação com o streaming. É que agora, com o crescimento das plataformas de vídeo, a maneira como as séries e filmes são exibidos mudou. Se antes as emissoras de TV tinham horário para exibir as produções em suas grades de horário, agora fica tudo disponível no streaming, o que torna mais complicado o cálculo dos direitos dos trabalhadores (os famosos “residuais”, que são pagos aos profissionais nas reprises da TV e precisam de regulação para o streaming). Além disso, ainda há mudanças na quantidade de episódios das séries, tempo de gravação das temporadas, entre outras características que mudaram após a solidificação do streaming – os roteiristas, por exemplo, ganham por episódio, e as séries estão mais curtas.
2- Roteiristas (e atores) contra a IA
No início, apenas os roteiristas estavam em greve. O objetivo do sindicato dos roteiristas é melhorar as condições de trabalho e fazer atualizações relacionadas à nova realidade do trabalho deles. No entanto, após algumas semanas, os atores se uniram à greve. Além de questões relacionadas ao pagamento dos residuais, o debate sobre a Inteligência Artificial ganhou destaque: se os escritores lutam para definir como a IA pode ser usada na criação de roteiros sem afetar seus trabalhos (ou se não deve ser usada), os atores querem restringir o uso de suas imagens em técnicas de substituição de rosto, algo cada vez mais fácil de fazer.
3- Efeitos no Brasil – e no mundo
Será que as exigências desta greve podem “chegar” até o Brasil e outros países? Nada indica que greves no mercado audiovisual devam ocorrer para além do mundo de Hollywood (talvez Canadá e Reino Unido, a depender de como as coisas andarem). No entanto, as discussões sobre os valores a serem pagos aos trabalhadores e os direitos trabalhistas no audiovisual devem crescer e tomar corpo em forma de novas regras. As novidades tecnológicas que mudam as relações trabalhistas, como o mercado do streaming e o uso da Inteligência Artificial, devem orientar a atualização da regulamentação das leis relacionadas ao audiovisual. No Brasil, o debate já ganha corpo entre entidades de classe e o Congresso Nacional (mesmo que lentamente).
4- Perdas financeiras
Como espectador, o público deverá sentir a falta de grandes estreias nos cinemas em pouco mais de um ano, especialmente se a greve durar muito tempo – como parece que vai. Afinal, no médio prazo, os grandes estúdios deixarão de ter filmes para lançar no mercado, já que as gravações foram todas paralisadas. Os efeitos das paralisações na TV devem ser sentidos mais rapidamente, embora as plataformas de streaming tenham cada vez mais produções de outros países (fora dos Estados Unidos) para estimular o consumo de séries e filmes. A cada dia parada, a indústria do entretenimento perde milhões de dólares – e mesmo assim os executivos dos grandes estúdios não estão flexíveis em ceder às exigências dos roteiristas e atores.
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