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Audiovisual

Quem som você ouve quando assiste a um vídeo? Você sabia que existem princípios sonoros que embasam a produção audiovisual?

Sempre que falamos da produção audiovisual, a maioria das pessoas destina seu foco quase todo para o “visual” e se esquece do “áudio”. Isso ocorre, em princípio, porque até mesmo na nossa rotina os sons nos cercam a todo tempo e são sumariamente ignorados. Sons de passos, do ranger de portas, das aves, dos carros nas ruas e muitos outros são naturalizados em meio a tudo que precisamos fazer. Como consequência, também ignoramos muitas das escolhas relacionadas ao som quando assistimos a um filme ou qualquer outra produção audiovisual.

Entretando, é fundamental compreender a importância do som para um vídeo. Isso passa pela voz gravada em microfones, pelo processo de “limpeza” de sons externos que podem ser gravados quando o processo é fora de um estúdio, e o uso de trilhas sonoras e outras inserções de sons no vídeo finalizado.

Vale ressaltar, também, o quanto o som permite diferentes leituras do produto audiovisual, conforme o que é filmado. Falamos sobre isso no item 3 de um outro texto sobre o som neste blog que você pode ler aqui.

No estudo do som no cinema e no audiovisual, o teórico Robert Stam criou os seis princípios sonoros que regem as escolhas do som de um filme ou vídeo. Compreendê-los é muito importante para entender como o som opera na produção.

Confira os princípios sonoros:

1- Continuidade:

O princípio da continuidade existe quando a produção não “manipula” os sons e deixa que o espectador ouça “de tudo”. Assim, no ambiente filmado, você tem todos os sons ao redor veiculados normalmente. Esse princípio é usado quando se quer fazer a pessoa se sentir no local filmado. Assim, uma filmagem nas ruas vai permitir que você ouça o som dos carros, das pessoas passando, do vento, etc.

2- Seletividade:

Imagine que você está vendo um filme que se passa nas ruas de uma grande cidade. No começo, impera o princípio da continuidade e os sons da cidade estão presentes inteiramente. Aí, quando os personagens principais se encontram e começam a conversas, provavelmente o princípio da seletividade vai imperar. Ele vai isolar o diálogo do ambiente e, repentinamente, o espectador para de ouvir os carros e buzinas para que a atenção possa se voltar ao diálogo.

3- Hierarquia:

A princípio da hierarquia atua quando um determinado som ganha mais “corpo” em uma cena. Se a ideia é evidenciar a chuva, você ouve os sons de chuva com mais intensidade. Se a ideia é mostrar o aconchego da casa e dos personagens protegidos da chuva, o crepitar da lareira fica mais evidente. Na lista de princípios sonoros, o da hierarquia se confunde com o da seletividade, mas o da hierarquia pressupõe que os outros sons continuem presentes, enquanto o da seletividade pressupõe a supressão de alguns sons.

4- Legibilidade:

Parecido com o da hierarquia, o princípio da legibilidade ocorre quando todos os sons de um ambiente são ouvidos, mas alguns se tornam mais importantes. Na maioria dos casos, o mais importante será o diálogo, já que são fundamentais para a compreensão da história, mas em filmes de terror pode ser o “grunhido” de um monstro ou, em um filme de guerra, pode ser o barulho de um helicóptero. Esse princípio é chamado assim porque entende-se que todos os sons devem ser compreendidos pelo espectador.

5- Motivação:

O princípio da motivação tem relação com a subjetividade de um personagem. Dentre os princípios sonoros, é quando a produção isola um som ou o modifica quando se deseja que o espectador ouça algo como o personagem ouviria: um som abafado das vozes quando o personagem está embriagado, por exemplo. Em filmes de ação é comum que, após a explosão de uma bomba, o filme dê ênfase ao zumbido que temos quando ouvimos um estrondo muito forte, visto que o espectador deve se sentir “na pele” do personagem.

6- Invisibilidade:

Por fim, um princípio óbvio mas que se faz necessário: os instrumentos de captação do som devem estar invisíveis aos olhos do espectador para que ele acredite na história fictícia. É por isso que não vemos os microfones em uma cena de estúdio. Esse princípio pode ser quebrado quando se trata de um documentário, filme institucional, entrevista com pessoas reais ou até mesmo vídeos com formato televisivo.

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